Ensaio sobre o fim

Mariana
1 min readApr 1, 2024

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Acabou.

Repito isso com convicção para que eu mesma consiga acreditar em minhas palavras.

Meio cambaleante e abalada, eu digo que acabou. Quando repito, convicta de que acabou, me pergunto se algum dia realmente começamos.

Posso dizer que tu és um amor de carnaval? Eu, que nunca me apeguei a um conceito tão carnal.

Mas lembro-me de tudo naquele dia: o trio, o frio, o brio. Tua mão, desconhecida até então, conduzindo-me no meio daquela multidão.

Confesso que me senti invadida, logo eu. Como ousaste me guiar com tanta exatidão?

Mas agora acabou. Disfarcei nosso fim como uma decisão minha, mas sabes que foste tu que escolheste partir.

Não soube esconder meu desgosto pelo teu agir.

Entre a intimidade e tua fuga, minha entrega e acidez, era muito difícil prever o que se seguiria numa próxima vez.

Mas agora realmente acabou.

Vou te guardar como uma lembrança.

Guardarei teu sorriso, teu olhar, tuas fotografias, para nunca deixar de te admirar.

Gabriel Ventura no talo, trombone de frutas, dizem que vermelho é a cor do perigo… A partir de agora, esquecer-te de vez será minha meta e castigo.

30/03/2024

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