Eu sou nada...

Não sou nada a mostrar e vou do nada ao tudo num piscar
Não tenho como prever o que me vem, deixo tudo assim, ao querer, ao além
E mais do mesmo, sonhando durmo
Sonhando amanheço
Com a esquecida esperança de melhores dias
Com a desaparecida alegria de antigas rotinas
Com o coração batendo mais rápido que um tambor de aço
Sinto o ritmo
Binário, quaternário
Procura-se aqui!
O compasso

E o desafio de escrever na língua que me é materna
Tão ternamente desapareceu no ar
Tamanho o desespero do sentir
Que as palavras,
bom (...)
as palavras, vieram me encontrar

Eis o fardo do artista
Saber exatamente como viver as coisas de dentro pra fora
Pena que
Sejamos realistas
Essa não é a vida
De metáforas afloridas
Que toda a gente pensa, pra nós.

Mariana. 24/10/2023