Diante da vida, há quem sempre prefira a porta do fundo.
Não digo preferir, mas há quem só conheça esse caminho. Esse caminho clandestino, subalterno, sorrateiro, melindroso.
E nesse caminho podem existir bifurcações, escolhas. Não para quem escolhe a porta do fundo. Esta já está a mercê das escolhas alheias, a porta do fundo foi o que lhe restou, pensa ela.
Há quem se condicione a escolher a porta do fundo. O caminho é mais curto, Escuro. Confortável. A porta da frente fica mais longe. É mais luminoso. Luz que pode queimar. A porta do fundo é aconchego. A porta do fundo é falsa harmonia.
Há ainda quem, em situações em que você não poderia se sentir mais perto do fundo do poço, consiga te mostrar a porta do fundo. É como se nem a porta do fundo fosse uma saída digna.
Há também gente como eu, que se sentiu tanta vezes na porta do fundo que não percebe que todas as portas da frente se levantam ante a mim.
Há também gente como eu, que no meio de tantas portas abertas sempre foge para a porta do fundo por achar que a luz queima.
Há também gente como eu, que mesmo sem saber, sou fogo.
Queimo e brilho.
16/04/2024
